O corajoso documentário apresentado num canal de streaming está causando bastante POLÊMICAS, reflexões e ESTIMULANDO as pessoas a observarem com maior acuidade o impacto das redes sociais na vida. Aconselho a assistir.
Baseado na opinião qualificada de acadêmico e executivos no segmento, o documentário escancara as estratégias das empresas dominantes deste segmento para comercializar o nosso tempo dedicado as redes sociais, relegando o nosso papel como “produtos”, portanto, passivos e induzidos na cadeia de valor destes grandes grupos, conduzidos por rapazes da California,
São apresentadas as estratégias das BIG TECHs com base nos estudos do comportamento humano e com base nas probabilidades de rentabilizar (monetizar) os negócios. Surge um alerta para os impactos na formação dos jovens e vai além quando faz correlações com aumento de taxa de suicídios.
Um ponto de discussão bastante salutar está na perspectiva de encarar a tecnologia não como instrumento a ser utilizada para otimizar o desenvolvimento de atividades, todavia, como indutora de ações das pessoas, baseados em estudos de persuasão e comportamento.
O documentário permite que muitos voltem no tempo para se sentir novamente preso na matriz, brilhantemente roteirizado pelas irmãs Lana e Lilly Wachowski no final dos anos 90. A diferença é a opção pela configuração física para a virtual e, nos provoca o sentimento de prisioneiros numa rede, a qual controla e observa todos os nossos movimentos. Somente a reflexão mais apurada, permite entender que existe a indução com alto grau de intencionalidade de grupos grandes e estrategicamente ocultos.
Outro aspecto é revelado quando expõe que os mecanismos de buscas são customizados com base nos perfis de usuários, ou seja, as “verdades” são diferentes e de acordo com o perfil, assim, torna-se um instrumento de potencialização da polarização da sociedade.
Fica nítido que a construção de arcabouço tecnológico, tem objetivos de prover domínio financeiro e o depoimento dos ex-designer e diretores é elucidativo em apagar qualquer expectativa que a natureza humana e a complexidade tecnológica forma considerados em algum momento.
Não resta dúvida que instrumento tão poderoso merece ser gerenciado de maneira cuidadosa pelos usuários e o aparente benefício de gratuidade é um caminho para o vício que comprovadamente não traz benefícios. Abre-se um caminho para discussões e debates.
Devanildo Damião
Mestre e Doutor em gestão tecnológica
Pesquisador da Universidade de São Paulo
Coordenador Universitário de curso de administração.