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quinta-feira, março 28, 2024

Escola e família: Quem escolhe quem?

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Vamos conversar um pouco sobre a difícil decisão da escolha da escola e como pais ou responsáveis pela criança podem facilitar esse processo considerando importantes aspectos acerca das Instituições de ensino em vista.

 

Estamos prestes a concluir mais um ano e muitas famílias já começaram sua incessante busca pela melhor escola. Coincidência ou não, nos últimos dias tenho conversado com mães bastante aflitas acerca desse assunto, afinal de contas, não se trata de uma compra de supermercado, onde o produto pode ser abandonado a qualquer momento, caso não agrade o cliente. O lugar que se encarregará pelos cuidados físicos e emocionais do seu filho pequeno por vinte horas semanais, no mínimo, precisa ser escolhido com critério e cautela.

Antes de mais nada, é preciso deixar claro que esta decisão é tomada pelos pais ou responsáveis pela criança. É um direto da família eleger com calma, considerando sua cultura e valores, sem influências externas, mesmo que a decisão vá na contramão do que a maioria acredita. A partir disso, vamos aos pontos mais relevantes a serem considerados:

Conheça a concepção de ensino da Instituição

É muito comum ouvir mãe se queixar da conduta da escola. Ora porque não promove festas em datas comemorativas, ora porque alfabetizam por métodos arcaicos. Será que estas mães conheciam a fundo os princípios norteadores da escola ao matricularem seus filhos? Acredito que o parquinho, aulas de natação, projetos com horta e culinária tenham sido mais valorizados do que conhecer a metodologia da escola e por isso, no futuro, as “escolas encantadas” tornam-se desinteressantes. Tão importante quanto a estrutura oferecida está a visão daquele lugar a respeito da educação. No que essa escola investe? Que alunos formam?  Os valores dessa Instituição vão de encontro aos meus? São perguntas importantes a fazer antes mesmo de sair de casa para conhecer o local. Temos uma infinidade de linhas pedagógicas: Tradicionais, Construtivistas, Montessorianas, Waldorf e outras. Leia a respeito, se informe e pergunte sem receio. Busque saber o que cada uma delas tem a oferecer e assim, definir o que mais combina com o perfil de sua família.

Corpo docente preparado

Visite a escola durante horário de funcionamento, assim você poderá vê-la viva, isto é, com a movimentação real dos principais elementos delas, as crianças e educadores.

Observe como os adultos interagem com os pequenos e como os espaços são utilizados. Diferente da novela Carrossel, escola não é um cenário. Certamente haverá brinquedo espalhado, lápis no chão e farelos de lanche na mesa. Isso não é sinal de abandono, mas de movimentação, presença efetiva de criança no espaço.  Além disso, certifique-se a respeito da formação dos profissionais atuantes. É indispensável que professores tenham qualificação e formação acadêmica. Um educador abastecido de conhecimento tem muito a oferecer em seu essencial ofício. Fique atento!

Estrutura

A concepção de ensino da escola já determina a configuração de seus espaços. Muitas investem em parquinhos parecidos com os do shopping, paredes coloridas repletas de personagens infantis, brinquedos de última geração enquanto outras apostam no rústico, área aberta, contato com a terra e bichinhos do jardim. Tudo varia de acordo com a proposta de ensino daquela Instituição, por isso esses dois itens, estrutura e linhagem, são indissociáveis.

Se você deseja um ambiente que propicie experiências com a natureza, por exemplo, não poderá optar por uma escola que se distribui em salas (sala de brinquedos, sala de televisão, sala de teatro). Olhe o espaço oferecido, imagine seu filho explorando tudo aquilo e avalie se realmente é o ambiente que lhe trará mais benefícios. Vale ressaltar que espaços ao ar livre oferecem maior liberdade de movimentação e sensação de bem estar. Sendo assim, não deixe de acrescentar esse detalhe a sua listinha de exigências.

Ainda neste quesito, oberve com atenção a higiene do local. Informe-se sobre a periodicidade da limpeza e como ela é realizada. A saúde de seu filho não pode estar em risco pela falta de manutenção adequada.

Cabe no bolso?

Parece óbvio, mas não é. Sua escolha tem que combinar com seu orçamento. De que adianta optar por uma escola “perfeita” se lá na frente isso se tornará um grande problema financeiro para a família? A conta precisa bater, por isso, não ultrapasse o valor que destinou para educação das crianças. Mais difícil do que aceitar que a escola “x” possui uma mensalidade acima do que você pode arcar, é precisar interromper os estudos da criança no meio do percurso por falta de verba. Se a escola dá abertura para negociações e descontos, muito válido tentar chegar num denominador possível a ambas as partes. Pechinchar não é vergonha!

Mobilidade

Esse é um fator pouco considerado, porém relevante. A princípio, escolher uma escola distante da residência pode não ser um problema, afinal de contas, existem inúmeras maneiras para se locomover. Contudo, deve-se pensar em imprevistos como o carro da família na oficina, trânsito, atrasos para sair de casa, impaciência das crianças por conta da demora, entre outros contratempos que nos cercam diariamente. Quando chegar a escola se torna um verdadeiro caos, maiores são as chances da família desistir no meio do percurso e reajustar a rotina, optando pela troca de Instituição. Quem mais sofre com essas mudanças repentinas são as crianças. É justo pensar nesse tópico com cautela.  Ainda assim, muitos pais decidem arriscar, avaliando que a escola escolhida vale todo esforço, mesmo quando a mobilidade é comprometida. Tudo certo também, porém isso precisa estar bem estabelecido entre os integrantes da família que cuidam de percorrer o trajeto com as crianças todos os dias.

 

Bem, a família se casa com a escola quando a elege como lugar ideal para seus filhos e assim como qualquer casamento haverá desajuste, conflito e diferenças. Lembre-se que a escola é uma instituição e por mais acolhedora que seja, trata-se de um ambiente coletivo, passivo de normais essenciais para um bom funcionamento. Talvez algumas delas você não compreenda, mas para outra família, com outra realidade, faça todo sentido.  Escolha um lugar que respeite a face singular de cada um, mas que também olhe para o coletivo, validando a importância da convivência. Fuja do papel de cliente e coloque-se no lugar de pai e mãe buscando um espaço que reúna um conjunto de fatores em prol do desenvolvimento integral de seu filho.

Te desejo boa sorte nessa escolha!

 

Larissa de Farias

Pedagoga, professora de Educação Infantil, Pós-graduada em Crianças de zero à três anos de idade, escritora do Blog Colo de mãe.

 

 

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